quinta-feira, 20 de outubro de 2011

sobre suportar espinhos




Os dias passam e reafirmam minha certeza
de que nada é por acaso.

Alguns espinhos vêm para tornar a flor mais resistente!
E ela cresce incessantemente,
e tem cada dia mais cores.

sábado, 15 de outubro de 2011

a incrível história do rinoceronte que dança sobre cacos de vidro


Como pôde um caco de vidro me confundir?
Um diamante jamais iria me ferir...

Desse jeito vou virar um rinoceronte,
cada vez mais casca grossa.

Mas fique bem claro que é um rinoceronte fino,
rodeado de lindas e raras jóias!

(Não esqueça: cacos de vidro devem ser embrulhados em papel antes de se jogar fora.Eu os embrulho com belos textos, para que eles leiam e aprendam a não mais ferir.)

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

forever alone


Calados
meus livros dizem muito mais que as pessoas ao meu redor.

E a xícara de café que queima minha língua,
não há de partir meu coração.

soluçando

Amar é um exercício solitário
E cada dia mais solitária eu fico
Amando até preencher as paredes e o teto

Quem sabe eu sufoco

Que inunde tudo e me afogue de uma vez
Pois já cansei de soluçar

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

ser flor ou ser balão?!


Não gosto de flutuar em incertezas,
flutuo muito bem na piscina.
Na vida eu quero pé no chão.
Palavras claras, gritadas ou sussurradas
tanto faz, mas que sejam ditas.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

o pára-brisa ou uma tela impressionista





Parada no posto pra pegar umas cervejas e salgadinhos, a noite era longa e estava só começando:
- Amigo, dá uma olhada na água e no óleo “fazfavô”! Vem gata, desce um pouco, estica as pernas.
Mais um segundo pra trocar o CD (Não agüento mais essa porra de sertanejo universitário!), olhei no porta-luvas e nada, ergui a cabeça.
O choque:
Estava lá, o monstro em que só reparava mesmo nas telas da TV durante o noticiário, ou através do notebook novinho em folha, participando de campanhazinha no “Face”.
Vestido de miséria, trazendo sobre as costas toda a dor do mundo, enjambrada em sacos de lixo. Catando papel.
Quem sabe no meio de tantos papéis, aparecesse escrita uma palavra de conforto, uma palavra de carinho, em vez dos narizes torcidos e dos olhos desviantes de quem nunca passou fome, de quem só viu a pobreza de longe.
E que olhos de dor tão profunda, tão doída. Um medo de descer do carro e não ter pra onde voltar.
Como ele foi parar lá? Brotou do asfalto e foi de imediato lançado á calçada?
Pedinte, marginal, trombadinha...e aqueles olhos tão impiedosos, encarando a boba que se impressiona com a vida real.
De onde ele veio? Para onde ele vai?
-Ah! (Ai! Me dá um chocolate que eu preciso pensar em outra coisa agora. A vida segue.)
Me passa a cerveja.